4 de abril de 2012

Mão desnuda

 
A mão ao léu
Às cegas tateia em vão
Ao frio, desolada está
Trêmula, no abrigo refugia-se

Uma coroa tornava-a imponente
Compromisso fincado em metal
Um signo de fidelidade materializada

Arrebatada foi a sua glória
Arruinado o seu reinado
A coroa extirpada de seu poder

O último elo desfacelado
Agora nua se encontra
À procura de nova veste
Anseiando por uma beleza que lhe apetece.

9 de fevereiro de 2011

As Estações



Ao inverno te abraçar
Enleado ao seu corpo quero estar
Para assim enlouquecer
Nossos corpos conciliados aquecer


Ao verão teu suor sentir
À minha pele escorrer
Teu calor me faz arder
Teus olhos a me seduzir


Outono outrora transcorreu
A essência maior transcendeu
Na primavera admirar
As flores à brotar


Assim é nosso Amor
Benfeito e admirável
Como o ressurgir de uma flor
Sorrindo para o céu.

30 de janeiro de 2011

Florzinha


Minha Florzinha
Pequenina delicada

Pétala macia e suavizada

No meu reino és a rainha


Aroma inebriante

Provoca ardor excitante

Ao brotar és bela

No auge da primavera.

6 de setembro de 2010

Caminho iluminado


Foi-se uma época de solidão
aparentava ser eterna
quebrado estava meu coração
trancafiado naquela caverna

Um feixe de luz apareceu
iluminando meu caminho
foi você quem me ergueu
oferecendo-me carinho

Dou-lhe a mão prometida
para juntos caminhar
no percurso da vida
vamos nos apaixonar.

3 de julho de 2010

A Máscara


Confesso que foi um susto ver aquele indivíduo com aquela máscara inusitada. No meio de tanta gente com a mesma expressão, ele se sobressaia com a máscara que estampava um sorriso de orelha a orelha.

Acompanhado de uma aparente simpatia imposta pelo sorriso artificial, o homem fazia gestos de saudação às pessoas que passavam por ele. Se não fosse pela cobertura que usava na cabeça, seria como uma outra pessoa qualquer. Mas por que diabos estava usando aquele treco na cabeça? Será que tinha vergonha de mostrar seu rosto feio, marcado por alguma cicatriz do tempo? Ou será que queria esconder sua própria identidade? Bom, isso eu não sei. Mas fiquei muito curioso de saber o motivo da tal estranheza.

Não me contive, e fui abordar o desconhecido, que continuava a cumprimentar os transeuntes. Era aperto de mão, palmadas nos ombros, e abraços, distribuidos aleatoriamente. Logo ao chegar próximo fui recebido com um aperto de mão forte, e a outra mão foi ao meu ombro, como um gesto de gentileza. Retribui a simpatia.

Após ser cumprimentado, fui abrindo a boca para interrogá-lo a respeito da tal máscara.
- Amigo, desculpe a curiosidade, estive lhe observando cumprimentar as pessoas com todo esse carisma, mas o que mais me chamou a atenção foi a sua máscara. Qual o motivo de você usá-la?
Ele olhou e disse:
- Mas por que a surpresa, caro colega? Será que você nunca tinha visto alguém usar uma máscara? Olhe em volta! Todos estão usando máscaras também.

De instante, achei que fosse loucura, mas para tirar a prova, olhei ao redor procurando mais pessoas mascaradas. Eu digo uma coisa, se loucura é contagiosa eu não sei, mas que eu comecei a ver as máscaras, isso eu vi. De uma hora para outra, como se todos estivessem em um camarim de circo se trocando para o espetáculo, fui enxergando a cena que mais parecia surreal.
- Não estou entendendo, ainda há pouco, apenas você estava mascarado, e então, como um passe de mágica, todos aparecem com as faces ocultas! - Falei, estupefato.
- Calma, não há motivo para espanto, você apenas está conseguindo enxergar a realidade tal como ela é. E olha-te no espelho, até tu estás com uma belíssima máscara!

6 de maio de 2009

Perdão



Caminhava naquele lugar, ao som da melodia entoada pelos seres que ali habitavam em adoração à deusa Terra, que se manisfestava na mais simples folha úmida, lacrimejada pelas árvores.
Clima lúgubre, com as trevas que lhe tocavam os olhos, penetrando na sua alma e fixando-o na solidão.
Parou de caminhar e jazeu sobre aquelas folhas caídas.
De bruços para o firmamento, explorou com os olhos em busca de uma única luminescência, que lhe trouxesse a Esperança perdida.
Sentiu um impulso na alma. Era ela que chegava.
Uma sensação gélida na espinha difundia-se em direção ao coração, o único que ainda pulsava, com a última energia que lhe restava pela Esperança que um dia ali habitara. Sabia que a partir daquele momento não haveria mais retorno.
Com o último clamor das suas entranhas pediu, sôfrego, o perdão da sua deusa Terra.
Não mais sabia, apenas sentia.
E com um brado de um vulcão o perdão foi lhe concedido, só assim pôde jazer em paz, de volta à sua origem: a terra.

27 de dezembro de 2008

Paradoxo



E a vida
quem há de compreender sua melodia
que canta em uma harmonia
num paradoxo de um descompasso
eu dou meu próximo passo
rumo ao desconhecido
esperando ser correspondido
pela minha amada prometida.